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Festival de Jazz do Valado de Frades

 

 

 

Jazz no Valado 2018

Com 21 anos de história e uma programação quase apenas nacional, o Jazz no Valado é um dos mais sólidos dos festivais de Jazz de programação nacional. Por ele têm passado todos os mais importantes músicos e projectos jazzísticos nacionais, o que é notável se considerarmos o humilde orçamento e a pequena localidade que o Valado dos Frades é. Acresce uma sala cheia de público entusiasta em ambiente quase familiar, e uma eficiência, conhecimento, generosidade e simpatia da organização incomuns. O Jazz no Valado é desde há muito um acontecimento de referência no roteiro dos festivais de Jazz nacionais.

Programação acertada e assertiva, com uma preocupação no Jazz que se faz em Portugal, a edição 2018 combinou o Jazz moderno com o mainstream, novos projectos com música mais rodada e um desvio pela canção, ainda assim pontilhada de Jazz. Abe Rabade, um pianista galego que tem tido uma presença regular no norte, constituiu a única excepção para o vocação nacional do festival, tendo sido acompanhado por músicos portugueses.

Seis concertos em duas semanas na sala histórica do Valado, a BIR, e ainda mais três concertos para um público mais alargado, na Nazaré, a antecipar o menu de sustância. Assisti apenas a quatro dos concertos na BIR.

Nelson Cascais «Men-tor»
Men-tor, o projecto de Nelson Cascais dedicado a Jorge Reis (mentor e mente tortuosa, dramaticamente perturbado por doença que o consumiu, um dos mais sólidos saxofonistas nacionais, considerado pelos alunos e pelos seus pares), estreou-se no Valado.
Música de Jorge Reis, quase toda construída a partir do seu único disco gravado, Pueblos, e ainda alguns originais, foi pautado por alguma melancolia, que se compreende, mas que constrangiu a música do quinteto. Ainda assim, o nível dos músicos, Cascais, André Sousa Machado, João Mortágua, André Fernandes e Luís Figueiredo não deixaram os créditos por mãos alheias, logrando entusiasmar o público da sala.

Ensemble Super Moderne
«Erudição e rigor no fio da navalha» escrevi na apresentação do Ensemble Super Moderne para o Valado, com a apreensão para um grupo que pratica uma música «difícil», com uma forte dose de escrita, em detrimento mesmo da improvisação.
Música difícil: com cinco anos de idade (e apenas um disco gravado), o Ensemble deu menos de uma dezena de concertos (e apesar de ter sido votado pela crítica nacional o disco do ano em 2014), de que assisti a quatro. Música difícil, não apenas pela escrita densa, mas pela qualidade da composição e dos intérpretes. Daí, pois, a minha apreensão, pela reacção do público, ao saber que o Ensemble estava na programação do Valado para este ano.
Errado!: talvez pelo entusiasmo do público e pelo seu espírito aberto, mas também pelas alterações que o octeto introduziu nos arranjos, o concerto foi um sucesso. Basicamente os arranjos contaram com mais espaço para os solistas, que trouxeram  para a luz (contaminados pela boa disposição que o festival oferece) o humor que a música já contém e que esclareceu a faceta mais angulosa das composições, nos contrapontos e nas citações.
Sem destaque, octeto de compositores e instrumentistas, oito músicos de excepção: José Pedro Coelho, José Soares, Rui Teixeira, Paulo Perfeito, Luís Eurico Costa, Carlos Azevedo, Miguel Ângelo, Mário Costa.
Erudição e humor, modernidade e rigor, música séria!, um grande momento de música.

Joana Machado «Lifestories»
Joana Machado levou ao Valado o seu disco de 2017, Lifestories, uma dúzia de canções nas margens do Jazz. Melhor dizendo, o Lifestories é um disco por onde passa a soul music, o funky, o rock, e um pouco de Jazz que se evidencia na interpretação e muito em especial nos solos.
Surpresa positiva para um projecto «pop», de canções frescas. Secção rítmica segura: Joel Silva na bateria e Romeu Tristão no baixo eléctrico (funky); Óscar Graça (um dos poucos pianistas portugueses que não soa a clássico) com dois solos de elevado nível, Bruno Santos eficiente na guitarra e direcção musical e a voz de Joana Machado num formato que não lhe conhecíamos, assertivamente interpretadas e com garra.

Ricardo Pinto Quinteto «A Sul»
Longamente maturado, o CD A Sul de Ricardo Pinto contraria a tendência de alguns músicos para gravar prematuramente. A espera resultou feliz e a apresentação no Valado confirmou a excelência da música. Quinteto inatacável, com um trompete muito «físico» de Pinto, e onde a sonoridade calorosa de Ricardo Toscano se evidencia naturalmente, uma secção rítmica seguríssima, com um baterista (Candeias) muito técnico, um inspirado Rosinha no contrabaixo e o piano inequivocamente Jazz, por vezes quase bop de Óscar Graça a fazer a ponte. A direcção de Ricardo Pinto é evidente, sem que concentre em si o protagonismo e, pelo contrário, abrindo espaço para a banda, em solos que por diversas vezes empolgaram a plateia.
O concerto abriu com um interessante arranjo sobre Ronda das Mafarricas do Zeca Afonso, prosseguindo com originais com uma matriz claramente mediterrânica (um dos temas dedicado à comunidade cigana de todo o mundo), e o público obrigou-os a um não programado encore: o clássico You Don’t Know What Love Is, uma balada magistralmente interpretada.

Seg 30
Abril
Nazaré
Cine-Teatro da Nazaré
  Big Band do Município da Nazaré + Mariza Liz

Júlia Valentim (voz), Marisa Liz (voz), Joaquim Pequicho (sa), Daniel Vinagre (sa), Nuno Mendes (st), Pedro Morais (st), Raquel Pais da Silva (sb), Vítor Guerreiro (t), Paulo Santos (t), João Mário (t), André Venâncio (t), Margarida Louro (t), André Ramalhais (trb), Rui Correia (trb), Gil Silva (trb), Kevin Severino (trb), Gonçalo Justino (g), Ricardo Caldeira (p), Tiago Lopes (b), Bruno Monteiro (bat), Adelino Mota (dir)

Sáb 19
Maio
Nazaré
Pederneira
22.00 Pumpkin Land´s Combo Beatriz Silva (voz), Nuno Mendes (s), Jorge Mota (p), Tiago Lopes (b), Bruno Monteiro (bat)
Dom 27
Maio
Nazaré
Marginal
15.00 Dixienaza Jazz Band Vitor Guerreiro (t), Fábio Constantino (cl), Daniel Vinagre (s), Élio Fróis (trb), Mauro Constantino (sousa), Márcio Silvério (bj), Vitor Copa (bat)
Qui 31
Maio
Valado dos Frades
BIR
22.00 Nelson Cascais
«Men-tor»
João Mortágua (s), André Fernandes (g), Luis Figueiredo (p), Nelson Cascais (ctb), André Sousa Machado (bat)
Sáb 2 Junho Valado dos Frades
BIR
22.00 Joana Machado
«Lifestories»
Joana Machado (voz), Bruno Santos (g), Óscar Graça (p, tec), Romeu Tristão (b), Joel Silva (bat)
Qui 7
Junho
Valado dos Frades
BIR
22.00 Pedro Moreira Quarteto Pedro Moreira (s), João Moreira (t, EWI), Romeu Tristão (ctb), João Pereira (bat)
Sex 8 Junho Valado dos Frades
BIR
22.00 Ricardo Pinto Quinteto Ricardo Pinto (t), Ricardo Toscano (sa), Oscar Graça (p), André Rosinha (ctb), Luís Candeias (bat)
Sáb 9 Junho Valado dos Frades
BIR
22.00 Abe Rábade Trio Abe Rábade (p), Pablo Martín Caminero (ctb), Bruno Pedroso (bat)